Death of X - Crítica (parte 1)
Boa
noite.
No
último post, falamos sobre dicotomia como dois lados, mesmo que cada um só
esteja garantindo sua sobrevivência, podem criar uma relação bombástica um com
o outro.
Principalmente
quando o fator que dá a vida a um, significa morte para o outro.
Partindo
dessa premissa simples, Death of X se tornou o sucesso Marvel do ano, perdendo
em vendagem apenas para Aventureiros do Bairro Proibido (filme que virou HQ,
inédita no Brasil) e Rebirth da DC (que realmente tá duca), com um sucesso tão
equivalente a Secret Wars (que vendeu abaixo do que a Casa das Idéias queria).
E trouxe uma grande dúvida que assolava os fãs da Marvel, o que tinha
acontecido com os mutantes, depois de Secret Wars e da segunda Guerra Civil?
Pois
é. A história começa em dois planos. Só pra introduzir. De um lado os
Extraordinários X-Men de Scott Summers, a equipe renegada. Do outro, os
Inumanos, criaturas do espaço que fizeram morada na Terra, liderados pela
Rainha Medusa. Até ai, tranquilo. Mas o conflito começa a partir desses dois
mundos.
De
um lado os X-Men de Ciclope, que após receberem um chamado de socorro da Ilha
Muir, ao chegarem encontram a ilha tomada por uma estranha névoa, a Terrigena. E
qual a surpresa de Scott, ao encontrar todas as trocentas cópias do mutante
conhecido como Madrox, mortas. Inclusive seu mentor que se encontrava a beira
da morte, e antes deu o terrível recado, que a névoa era mortal para os
mutantes. Do outro lado, era só festa por que a névoa causava o despertar de
humanos em novos Inumanos, com direito a casulo e tudo, é isso que você tá
lendo, afinal a parada transmutava humanos em aliens. Bora dizer que esse para
uma parte dos estúdios Marvel esses seriam os novos mutantes, seriam. Mas bora
contar como a coisa chegou a isso.
Bom
pra começar essa treta temos que retornar ao fim dos anos 80, onde os
quadrinhos se encontravam no auge, e os mutantes também. Eram tempos áureos, e
expoentes como Jim Lee, Adam Kubert, Joe Madureira, Tom Grummett desfilavam
pela revista principal. Logan era Logan, Scott era o incansável líder, e
beldades como Jean e Psylocke, além das estonteantes Ororo e Vampira,
desfilavam nas revistas. A era de ouro dos mutantes, sem dúvida. Seu desenho
era sucesso, e as hqs vendiam como agua mineral. No Brasil graças ao sensei
Civita (ele merece), pagávamos pelas nossas comics um preço bem justo.
Mas
foi ai que a coisa começou a desandar. Da mesma forma que existem grandes
desenhistas hoje também havia naquela época. E os caras eram realmente os
caras. Tô falando de feras do naipe de George Perez, ex–Titãs e Liga da Justiça
e John Byrne, de Homem Aranha, Homem de Ferro, Doutor Estranho, X-Men, por ai
vai.
Sim
tudo isso começou lá nos anos 80. Detalhe quem achar que estou inventando alguma
coisa dessa “pasta rosa” que to soltando aqui, pode ir atrás de revistas da
época. Era farpas soltas em toda entrevista (recomendo as revistas mutantes nos
correios de leitores, wizard gringa e nacional, a saudosa herói e dragão brasil
de rpg). Tudo começou com o cartaz que os mutantes começaram a ganhar e isso
irritou cachorro grande dentro da Casa das Idéias, to falando de John Byrne,
desenhista e roteirista experiente que desenhava na época...os Vingadores.
Byrne era foda, fazia argumentos monstruosos, mas seus desenhos...tinham ficado
obsoletos. A molecada da geração X (pq será que tinha esse nome), eu e mais uns
tantos, queríamos ação, uma nova linguagem. E os X-Men falavam isso, em alto e
bom som, eram atuais, histórias vibrantes (mr. Chris Claremont) e gênios do
traço, como Jim Lee, Adam Kubert, Marc Silvestri, Michael Turner (R.I.P.) e
outros caras tão bons quanto.
Resultado
disso, as revistas vendiam feito água no deserto. O que claro, não acontecia
com as outras revistas da Marvel na época (haviam exceções, claro, o Homem
Aranha de Todd McFarlane, outro gênio e depois Erik Larsen; o Capitão, que
sempre teve bons roteiristas e desenhistas, como o brazuca Mike Deodato, e o
Hulk, que sempre teve uma boa equipe com o imortal John Buscema de Conan, mesmo
cinza, ainda tinha seus leitores), e se aproximava um grande evento, o Desafio
Infinito que ficou com Perez. Mas na verdade era Silvestri que deveria ter
ficado com o traço, por que não ficou? Hahaha...curtam.
Perez
e Byrne injetaram lenha na fogueira e Byrne fez duras críticas ao estilo
“Image” dos quadrinhos da galera dos mutantes e com isso tirou praticamente
todo mundo de Desafio, Confronto e Guerra Infinita. Se eu não me engano, só o
Silvestri entrou, por que era desenhista oficial do Wolverine. O resultado foi
um fracasso de vendas, mesmo nos Estados Unidos. Apesar de ser ultra importante
pra história da Marvel atual, a série Infinita não vendeu metade do que os
cartolas da Marvel queriam. E pra piorar nessa época surgiu a terceira maior
força de comics do planeta, a poderosa Image Comics, de Lee, McFarlane,
Silvestri e Larsen que saíram da empresa de uma porrada só. Perceberam de onde
vem tanto ódio aos mutantes?
O
foda é que a equipe era muito boa. Quando os titulares saíram, o banco de
reservas segurou a onda e muito bem, com caras como Joe Madureira, Whilce
Portaccio, Fabian Nicieza, Kubert (que virou o substituto de Lee), são tantos
nomes que fica difícil lembrar. E essa galera segurou a Era dos Mutantes nos
quase dez anos que se seguiram. Mas rapadura é doce mas não é mole, e um dia a
fonte ia secar.
E
secou. Nos anos 2000, os mutantes começavam a ficar e soar repetitivos.
Desenhos de muita ação e heroínas semnuas com corpo de sonho, já não cativavam
os leitores e ai a Marvel deu espaço para artistas que tinham reputação de
polemizar os títulos, foi ai que surgiu Grant Morrison (o inglês malucão) e
Frank Quitely (um artista das tintas, quase um pintor renascentista nos
quadrinhos) e revolucionaram os mutantes, que tomaram outro rumo.
Mas
isso não diminuiu a crise financeira que a empresa passava, com isso veio o
primeiro contrato de judas, com a Fox. O contrato rendeu para a empresa uma
nota, mas ela perdeu totalmente a autonomia sobre os heróis mutantes e depois o
contrato que cedeu o Homem Aranha, a fabricante do PlayStation, a Sony. Com a
grana, Stan Lee (que era apenas um conselheiro da empresa já nessa época)
reformulou sua equipe, trazendo talentos como Mark Millar, Brian Michael Bendis
e mantendo feras como Nicieza e Jeph Loeb, repatriado da DC.
Mas
nunca se está satisfeito. No fim de 2008, a Marvel deu seu salto se unindo a
gigante do entretenimento, a Disney. Foi bom? Foi. Um grande sonho do velho Lee
foi realizado, ver seus pupilos sendo levados para o cinema, assim como a Fox e
a Sony haviam feito. Mas o preço foi alto.
Continua...
Será que um dia veremos essa imagem novamente?
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