Análise do filme do ano (e que tem muito a ver com que estamos passando)
Como eu prometi estou voltando a
falar sobre Mad Max – Estrada da Fúria.
Hoje eu vou fazer uma análise
completa, não somente frases do filme mas toda a filosofia nele embutida. E por
que esse filme tem tudo a ver com o momento que estamos passando.
Detalhe: a partir daqui é só
spoiler.
O filme começa com Max
Rockatansky, um ex policial rodoviário do século XXI narrando sobre o mundo e
sua vida. O mundo é pós-apocaliptico, criado por uma possível guerra nuclear ou
escassez de vida causada por algum outro fator desconhecido. Max é um homem
amargurado e assombrado por um passado que ele não consegue esquecer. E daí vem
a primeira lição do filme, tudo sempre pode piorar, e muito.
Tudo que Max tem é seu carro, uma
espécie de maverick transformado em carro off road (no mundo, até que se
mostra, não há mais estradas) e como em Onde Os Fracos Não Tem Vez (serão
várias citações a outros filmes) um grupo de jovens com carros monstruosos
saídos talvez da idade média o persegue em meio ao deserto e tomba seu carro,
seu corpo é disputado como troféu por eles e o mal disso vamos ver mais em
frente.
Dá se uma pausa e ele acorda em
uma caverna, talvez para tirar os seus órgãos talvez, e depois de brigar com
alguns dos jovens carecas pintados de branco, ele tenta fugir desesperadamente,
enquanto isso visões do seu passado o atormentam, culpando-o, sua fuga só
termina quando ele chega a um desfiladeiro de onde só havia a morte como opção,
sem nenhuma outra alternativa ele se rende e a aventura começa.
Aqui entra um ponto meio que de
auto-ajuda (sim, o filme tem muito disso) que deixa claro que sim o passado
pode se transformar em um inferno na sua vida se você o permitir. Viva o
presente. Sempre. Não importa o que você esteja passando. Lute.
Corta a cena. Entra em ação a
principal personagem desse filme. Imperatriz Furiosa (um puta persona da
Charlize Theron) uma garota suja de graxa, masculinizada, dura e maltratada
pela vida. Uma personagem triste de um circo de horrores mancomunado por um
demagogo ( a palavra é essa mesmo!) denominado Immortan Joe, que manipula um bem
que mantém em seu freak show disfarçado de cidade em cima de uma montanha. A
água. Sim, com isso ele mantém uma cambada de miseráveis fracos que lutam para
conseguir o mínimo para sua sobrevivência, escravizados pela necessidade. Já
viram isso em algum lugar?
A missão dela é simples. Buscar
combustível e suprimentos. Para isso ela leva uma grande carreta. A máquina de
guerra. Depois de um pequeno show, onde são mostrados os war childs (os tais
carecas brancos) que acreditam sobre a menção de seu fanático líder, ter um
lugar no valhalla (o paraíso dos nórdicos, uma vida gloriosa após a morte),
depois de alguns preparativos ela põe o pé na estrada.
Só que o plano dela não era
seguir as ordens do líder. Depois de fazer um desvio na rota, descobre-se que
todas as esposas do líder religioso estavam na carreta, o que faz com que haja
uma grande bagunça na tal cidade. E é ai que o calvário de Max começa.
Como eu disse anteriormente
sempre acredite no pior. Vai por mim. Preso a um dos war childs, Max tem seu
sangue drenado e serve apenas como isso, uma bolsa de sangue. Daí o nick dele
nesse filme, bloody bag. O kid de Matrix Reloaded é um dos soldados de Joe que
é destacado para seguir a fugitiva em troca de um lugar no Valhalla.
Voltemos ao personagem principal.
Preso ao garoto, Max testemunha a batalha do apocalipse, Furiosa desvia a
carreta rumo as montanhas, e acaba por ser seguida por gangues que controlam a
travessia (muito parecido com as gangues e pontos de drogas hoje em dia), após
muita luta (muita mesmo por que esse traço da série é levado em conta a risca),
a carreta segue por um deserto cada vez mais traiçoeiro e cheio de armadilhas,
como tempestades de areia, raios e furacões. Mais um ponto em que pra se chegar
a algum lugar, tem que se passar pelo pior antes. Já vimos isso em muitos
filmes. “A noite é mais escura, antes do amanhecer”, já dizia o Duas-Caras.
Nesse intervalo de tempo, muita
coisa acontece. E o kid quase consegue o testemunho de uma morte gloriosa (seu
objetivo no filme), após avistar a máquina de guerra, e espumando de pura
loucura e um spray prateado (de onde eles tiveram tanta idéia XD), porém graças
a sua falta de sorte (o garoto é meio Rubinho Barrichello), acaba ficando pela
estrada, pra sorte de Max.
Rapidamente o veterano assume o
controle. E se livra do colar de sangue que o une ao pobre animal. Após muita
confusão acaba por entrar no caminho de Furiosa, numa relação de respeito e
fúria, principalmente no início. Após atirar de raspão na perna de uma das virgens
de Immortan Joe, acaba por se juntar ao grupo de renegadas por livre e
espontânea pressão (também pela inteligência da imperator), para fugir daquele
inferno e por que agora confiar nelas seria a única saída possível. Mais um
biscoito chinês: mais vale uma andorinha indo para o sul de lá-sabe-deus-onde,
do que ficar por ai vagando. Ou se você está no inferno, não custa nada aceitar
a ajuda do pobre diabo.
A partir daí o filme desatina sem
nunca perder o tom em nenhum momento. Os objetivos são colocados em conflito,
de todas as partes (lembra muito o último Hobbit – A Batalha dos Cinco
Exércitos, cada lado quer que algo aconteça) e Max, um herói sem uma causa,
ganha uma, a das minas, para lutar. A ação é frequente e magnética, eu assisti
ao filme três vezes sem reclamar, em nenhum momento você sentirá sono. O filme
é frenético mesmo.
Nada é óbvio. Tudo é loucura. E
assim segue até o apoteótico final que dá o tom provavelmente da próxima
aventura de Max. Vale lembrar também a estupenda trilha sonora, e a
participação do guitarrista Buckethead em cima de um carro com várias caixas de
som, que chegou a tocar até na banda de Axl. Esse filme é recomendadíssimo. Não
seria surpresa se fosse lembrado no próximo oscar. E no fim como última lição,
mesmo que seja ruim, não há lugar como o lar, talvez seja o nosso paraíso. Bom
divertimento.
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