Geralt, um herói possível
Bom dia galera.
Como prometido, estou publicando
hoje uma resenha sobre um herói que os brasileiros tiveram a chance de conhecer
nos últimos anos. Criado por Andrej Sapkowski, um escritor eslavo, sua primeira
aparição foi no livro O Ultimo Desejo, e originou uma série de tv e uma de
jogos que é considerado a lenda dos jogos medievais nos últimos anos. Estou
falando de The Witcher, a saga do bruxeiro Geralt de Rivia.
Em menos de um
mês a força desse personagem aliada a uma estratégia matadora de marketing,
isso fora a execução que beira a perfeição feita pela empresa independente
CDProjeckt Red, fez dele e de seus companheiros lendas da literatura e da atual
cultura pop. Mas o que teria feito dele uma lenda desse tamanho.
O grande
diferencial de The Witcher é exatamente o seu teor. Principalmente político em
uma época que as posições de diversos grupos tendem a se confundir. Intrigas
entre reis, conspirações em povoados vivem de braços dados com criaturas
fantásticas, quimeras, bruxas, seres do lodo, sereias e o que mais de bom
existe nos livros de fantasia.
Mas tudo isso
já foi visto em outras histórias (pra não falar de Game of Thrones), qual seria
o diferencial de TW para esses outros jogos? A posição do bruxeiro Geralt.
Muito parecido com eu e você.
Pra começar
vamos falar deles, dos Witchers. Seriam como aventureiros profissionais, que
exterminam criaturas que aterrorizam povoados, claro, por um preço. Tem
habilidades e estratégias sobre-humanas, mas também isso não vem de graça. Para
chegar a esse nível são obrigados a serem também alquimistas, utilizando o suco
de plantas existentes na natureza. O que faz deles hábeis herbalistas, mestres
dos efeitos de cada erva existente. Como consequência seus cabelos são brancos
e a cor de seus olhos também muda, dando a eles um aspecto que pode ser
aterrorizante para pessoas comuns. São geralmente chamados de aberrações pelas
suas costas, mesmo muitas vezes salvando a população local.
Tudo isso é
bem explicado nos livros. E eis que temos o nosso personagem. Geralt é
apresentado nos livros como um homem amnésico, que perdeu a memória durante um
grande ataque a sua cidade, a cidade de Rivia. Daí o seu sobrenome. Conhecido
como o Lobo Branco, é considerado o mais forte de todos os Witchers, e suas
aventuras são inspiração para os bardos de diversas cidades tanto no jogo como
na série de livros.
Mas ai
chegamos ao porquê de TW ter tido tanto sucesso (só o TW3 até agora no mundo
inteiro, foram vendidas mais de 4 milhões de cópias, um fenômeno). Geralt é o
que chamamos de herói, mas não é um baluarte da justiça e dos bons costumes.
Vive em bares, faz sexo com prostitutas, faz muito sexo, encanta mulheres,
desafia reis, rainhas e religiosos, briga por dinheiro, joga jogos de azar, a
cada dez palavras arruma uma confusão, é seco, não tem muitos sentimentos
(apenas duas mulheres conseguiram chamar a atenção dele), é viril e masculino,
tem amigos da rua, que como diria um grande ex-brother meu (que deus o tenha),
é thug life.
Um personagem
assim não passa desapercebido ao mundo. E no caso dele a confusão o segue como
nas músicas do Matanza. Frequentemente é alvo de intrigas, conchavos políticos,
alianças feitas às escuras. Tem opinião própria, e não se alia a inimigos
desonrados, apesar de ser um instrumento da guerra, almeja a paz. Parece com
algumas figuras que você conhece? Pois é.
Por essa
identificação com vários atuais heróis modernos (eu citaria Edward Snowden,
Julian Assange, do Wikileaks e por que não apesar de ser muito radical Jair
Bolsonaro, homens que tem opinião própria e enfrentam as consequências muitas
vezes cruéis, de serem o que são).
Pra terminar,
por que pra falar sobre o universo do personagem que é muito vasto, são vários
posts. Se vocês quiserem eu retorno ao assunto em outras oportunidades. Geralt
representa hoje o herói do povo, um batman possível talvez. Aquele a qual as
pessoas recorrem por que sabem que ele dá conta do recado. Como o Ikeda Sensei
costuma dizer, aquele homem que tem a capacidade de inspirar os demais.
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