5 séries para entender o nosso mundo

Seriados. Quem diria que seriam uma caricatura de nosso mundo.
Eu costumo sempre dizer que o mundo não é pra amadores e hoje as séries que assistimos são o manual para várias coisas em vida. Você vai passar por essas situações, e entender o ponto de vista filosófico (sim vamos falar disso) de cada autor faz com que você caro fã, possa melhorar o seu ponto de vista das coisas que estão ai, e que como diz o Bôco do Fatos Desconhecidos, passa na sua cara, e você não vê. Vamos a elas.

INTO THE BADLANDS (AMC, 2015-2018)


Kung fu contra a opressão.

Imagina juntar artes marciais e estrutura feudal. Imaginou? Agora imagine isso em um cenário que lembra o Japão dos nossos dias. E ponha artistas marciais DE VERDADE fazendo isso. Into the Badlands se passa em uma realidade pós-apocalíptica 500 anos depois de uma grande guerra que fez a humanidade se tornar uma terra de condados, ao melhor estilo Velho Oeste e Idade Média Feudal. Mas a base na verdade é uma terra governada por drogas, máfia, grupos de extermínio e prostituição.

Mas vamos ao que isso tem a ver com o nosso tempo. Tudo. Observe bem a estrutura atual de grandes centros e como esse alto controle feito com violência feito por grandes figurões (que por terem uma soma x de poder político e dinheiro) que controlam através de agentes (chame isso de capa, jagunço e por ai vai) o poder público (muito parecido com uma outra série muito seminal e favorita da galera, SONS OF ANARCHY, por isso não a citei aqui), mas que esses agentes tem remorso (melhor palavra para definir) e passam a trabalhar nas sombras por uma revolução.

Só por isso já valeria a série, mas Badlands traz artes marciais de qualidade, estilo wuxia, o ator lutador Daniel Wu e um excelente elenco. Teve apenas 3 anos e deixou muita saudade.


FEAR THE WALKING DEAD (AMC, 2015-atualmente)


Todo inferno tem um início.

Se The Walking Dead mudou a maneira de fazer séries. Fear foi o tiro de misericórdia no estilo antigo. Brutal, crua, expondo problemas pessoais de maneira direta, vai aos poucos introduzindo o terror no coração do espectador (como Westworld também faz de maneira mais lenta, mas também magistral) que começa episódio a episódio a perceber que seu mundo afundou.

Fear é aquela advertência esperta que parece uma pedrinha jogada na sua nuca. Tema. Tema os mortos vivos. Por que eles vieram pra ficar. Os mortos vivos aqui são tratados como se deve, ao estilo Romero e como realmente os protagonistas da série. Os primeiros anos são um terror, vemos personagens atônitos (o nível de violência impressiona), tentando entender o que se passa, mas não há escapatória.

Se tem uma série que recomendo no intuito de causar medo. Eu como fã de horror, recomendo.


MR. ROBOT (USA, no Brasil Amazon Prime, 2015-atualmente)


O médico e o monstro versão T.I.

De dia um simples programador de uma empresa de tecnologia ao maior fdp que você poderia conhecer. Mr. Robot é uma experiência visual, psicológica, psicodélica (no pior sentido da palavra, de bad trips msm), anti-autoritarismo e subversiva. Nascido da mente do genial egípcio Sam Esmail a série expõe de maneira anti-clímax o submundo da informática, do tecno-ativismo político, e até o Batman! 

Sim o personagem de Rami Malek que o projetou o ator para o devido estrelato. E de quebra ressuscitou Christian Slater, grande ator de clássicos como Entrevista com o Vampiro. 

Mr Robot é uma série que brinca com temas modernos, conceitos inclusive dos quadrinhos (o que foi usado pela própria Fox em Legion, que teve uma ótima primeira temporada), onde nada, nada mesmo é o que parece ser. Recomendo assistir com calma.


THE GIFTED (FOX/MARVEL, 2017-2019)


Separados, mas falam a mesma língua

O mote ai em cima resume a série, e putz talvez seja um dos temas mais atuais. Apesar de simples, a série de Matt Nix produzida por Bryan Singer e Lauren Shuler Donner traz no seu enredo uma mensagem simples, nem sempre o que está separado não concorda entre si. A premissa da série traz uma família capitaneada por um caçador governamental de mutantes, que se vê com dois filhos que tem esses poderes e habilidades, e por isso tem de procurar a Resistência Mutante e enfrentar o poderoso braço anti-mutante, o Serviço Sentinela.

A lição aprendida é que dois lados nem sempre por ser antagônicos não tenham o mesmo discurso, é o que vemos hoje na nossa política (oi PSDB? DEM? MBL?) mesmo que o conflito exista. Portanto em The Gifted os humanos, com personalidades trágicas e motivações realmente genuínas (eu sei, você apóia os mutantes, eu também) demonstram o medo de algo que na segunda temporada que é genial se torna realmente visível.

The Gifted é uma série com miolos e escopo de novelão. Procure ver além das entrelinhas e acredite você vai amar essa série.


GOTHAM (DC/WARNER/FOX, 2014-2019)


Toda lenda tem um inicio...

Para limpar a sujeira antes você tem que se sujar nela. Todo herói tem uma razão de ser, assim é na vida, é assim na poesia. Gotham não é uma cidade pra amadores e a opera noir idealizada por Bruno Heller (que tem no seu currículo Roma e O Mentalista que merecia também ser citada aqui) pega o universo dos jogos da Warner e Rocksteady e dá a eles um início, com personagens marcantes como Jerome e Fish Mooney e detalhando mais o mundo da máfia, tudo visto pela visão de um policial honesto, James Gordon.

Gordon é a balança que um dia servirá como principal pilar para o Homem Morcego. Destaca-se na série o segundo e mais parecido Alfred Pennyworth dos quadrinhos, com toda a pompa de lorde inglês e dessa vez ex- combatente da segunda guerra. Bruce, menino, faz a parte de suavização da série com um foco na esperança e no futuro, construindo o que será o romance entre ele e Selina Kyle que apenas é uma sem teto e ladra no início.

Mas o legal aqui pra terminar é a construção, e de maneira arrepiante, da futura galeria de vilões do Batman. Tá realmente a série tem alguns erros e tentam criar um universo compartilhado com as séries da CW, mas no geral o tema aqui é mostrar uma cidade corrupta, sem esperança e que precisava de um herói, e isso acaba rolando na figura de Gordon, que literalmente faz o que pode.

Pra terminar Gotham fecha essa lista das séries com chave de ouro e se você tiver outra série que ficou de fora só falar nos comentários, até lá.

X1. As manifestações do dia 26 mostraram o poder do povo e que precisamos sim, apavorar esses nosssos "representantes" e falar pra eles que quem manda é a gente. Deixo aqui o meu salve ao Kodhak, ao canal Brasileirinhos e ao professor Olavo que nunca deixaram de acreditar em nós, o capitão precisa de todo apoio que possamos dar. O perigo ainda não passou.






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