Westworld e Comunismo
Bom dia galera.
Westworld
Westworld
Bom
antes de tudo, gostaria de dizer que é muito bom estar em contato com vocês
novamente. Bom os motivos fica até complicado falar (não sei se incomodo
alguém, ou não gostam de Robert Crumb ou se foi só macumba msm), mas por pouco
eu iria ter que me ausentar por algum tempo, mas a minha força de vontade e a
alma da minha máquina, que mais uma vez, teimou em ressurgir das cinzas (ganhou
até o nome sugestivo de “Ikki de Fênix” pela teimosia). Acho até que a major
Motoko iria gostar dessa homenagem.
Bom
vamos ao script. Nada de Zé Mayer e a luta das gurias (é nóis Zé Pequeno), de
politica, do Putin e do Trump, do terrorismo e da covardia absoluta do Bashar
Assad, como eu prometi, e promessa aqui é sempre missão, hoje vamos comentar
sobre o fenômeno televisivo do ano passado, estou falando de Westworld.
É...se prepare...
Westworld
é uma série produzida pela poderosa HBO, criadora de Game of Thrones, Big Love
(eu gostava), A Sete Palmos e Silicon Valley. Dessa vez a HBO, que precisava de
uma série campeã, para tapar o rombo produzido por GOT (pela falta dele) e para
fazer frente a outras séries de igual ou mesmo calibre como Demolidor e Strange
Things da Netflix, The Vampire Diaries do CW, The Walking Dead (que teve uma
temporada chocante) do IMC* e outras que também arrastam muito público.
Westworld
já nasceu grande. Fruto da imaginação de Jonathan Nolan (irmão de Chris Nolan,
de filmes como Amnésia e O Grande Truque, e da trilogia do Cavaleiro das Trevas
da Warner que faz a produção executiva), é uma adaptação do filme de 1973,
considerado marco para a época, com uma linguagem pesada (o filme: Westworld
–Onde Ninguém é Vivo) e puxada por que não, do universo cyberpunk. É como se
Tex Willer e Kit Carson encontrassem com Ghost in the Shell.
Quando Tex se encontra com cyberpunk
Empolgado?
É...eu disse que era coisa boa. E realmente a série em live action correspondeu
a todas as expectativas (eu diria que as superou), a execução do seriado é
limpa, não há falhas de roteiro, tudo que é posto como mistério é
cuidadosamente explicado (não se cometeu o erro de Lost, por exemplo) e ainda
que a série televisiva tenha um ótimo enredo que prende o expectador na cadeira
para o próximo mistério do labirinto, ainda há uma crítica social presente, em
todos os episódios. Aquela velha história do Dr. Moreau mas contada pela visão,
tanto das criaturas, como de seu criador.
E
nesse caso aqui a batuta de Deus fica a cargo de Anthony Hopkins (faço votos
pra que esse maluco ganhe o Emmy) que entrega como o sr. Ford, o seu melhor
papel. Dá gosto ver o imortal Hannibal Lecter e Odin atuar. Parece que o cara
faz como se tomasse um café ou sei lá, arranjasse um jantar, de tão simples. O
cara simplesmente faz de uma conversa normal com uma funcionária da Delos (a
empresa por trás do parque temático virtual) um monólogo a la Hamlet. Não é a
toa que sua participação na série foi aumentada a pedido dos irmãos Nolan, que
lhe dão o papel de sua vida, mas bora parar de pagar embuste e irmos ao enredo.
Pode acreditar, ele é 80% da série
Westworld
é um parque temático virtual que se utiliza de robôs para contar suas
histórias, sim isso que você está pensando, um parque pra grã-finos, executivos
e endinheirados, muitos deles funcionários da própria corporação Delos. Essa
galera acaba por usar o parque temático (que ocupa praticamente todo o deserto
do Arizona) para farrear, bater nas putas, arruaçar, aterrorizar e praticamente
tudo que você imagine de incomum e mais sujo, ou seja, um descarrego da penosa
vida moderna. Sacou já o tom de crítica?
O
parque apesar de ser usado a deus-dará, é muito sério. Comandado pelo sr. Ford,
um homem vivido, esperto e muito manipulador que utiliza humanos e robôs a seu
bel prazer para comandar o local com mãos de ferro, supervisiona tudo. Desde na
criação dos andróides, até a sua expedição e extinção, passando pela recriação
exata do oeste bravio (tirando a parte cyber, é um Tex msm) e de suas histórias
(por que o parque lida com crônicas, criadas em grande parte por seu criador,
como se fosse um jogo online, outra sacada de gênio do enredo), tendo passado
por inúmeras reinicializações.
Eu
disse inúmeras? Sim, disse. Ford e seu parceiro, criaram o parque nos anos 50
(como se fosse um Fallout, mas sem as vaults e a guerra, só o cenário punk
msm), e foram acompanhando todas as inovações tecnológicas até então (como se
fosse um Beto Carreiro World, mas para maiores XD). Essas reinicializações nos
andróides, começaram a criar um campo de memórias em seus processadores, ou
seja, Inteligências Artificiais. Como Ford com as sucessivas crônicas e
reviravoltas do parque, isso fora a sua vida pessoal atribulada em torno dos
anos (que é mostrada a cada momento em suas ações), de propósito ou não, e de
acordo com suas lembranças de menino, deixou isso passar deliberadamente.
Ou
seja, aos poucos as putas do cabaré começaram a saber quem eram os valentões
(morrer no parque não era só possível, mas também encorajável), quem trepava
mal, quem pagava de bandido mas não passava de um yuppie merdinha, e coisas
assim. E ai as revisões, feitas sempre pelo proprietário, começaram a se tornar
constantes (SPOILERS A PARTIR DAQUI). E nunca, nunca mesmo, ele apagava
totalmente a mente de suas criações, tratando-as como filhos dele.
A
conduta de Ford, não passou desapercebida e com isso, os executivos da Delos,
que injetaram grana no parque, começaram a querer ver o pretenso criador pelas
costas. Mas Ford sempre utilizava o parque para seus próprios meios e vez por
outra, envolvia os acionistas no seu jogo, o que nos leva a segunda parte do
enredo que é a relação entre os andróides e humanos, e essa pra mim é a jogada
master da série. Acontece que Ford bolou uma espécie de ligação entre as
tramas, como uma trama principal, e disfarçou isso como uma espécie de
labirinto indígena, com pistas espalhadas por toda a extensão do parque,
criando com isso um miniuniverso.
O labirinto indígena. A grande sacada de Ford
Ao
conhecer a personagem principal da trama e a preferida de Ford, a doce ruivinha
Elizabeth, um jovem executivo acaba por se perder nas tramas desse labirinto e
suas ações começam a fazer com que as coisas mudem dentro do parque. Fora disso
uma mudança feita por fora começa a ameaçar os funcionários, que de uma hora
para outra se vêem reféns de algo que eles nunca viram antes, sendo seduzidos e
usados em uma guerra que está para acontecer.
Isso
fora a ação de um velho cowboy, que seguindo o tal labirinto, se tornou uma
lenda dentro do parque (Ed Harris em uma ótima atuação), tudo isso, mais aquela
doce impressão de que tá tudo certo nas entrelinhas, mas que nas sombras algo
se movimenta e uma sangrenta revolução está por vir.
Westworld
tem apenas 10 episódios e eu recomendo que sejam assistidos na sequência e
prestem muita atenção aos detalhes, procurei aqui dar poucos spoilers. O elenco
é ótimo e suas participações são marcantes. São muitos destaques e é difícil
dar a um ator ou outro, o elenco realmente é focado e passa a idéia de tragédia
anunciada desde o primeiro episódio. Mesmo com o fatalismo do enredo de
Jonathan, há espaço para o humor (pouco, mas há) e garante até umas boas
risadas. Nudez também como em toda boa série da HBO, é um show a parte, e
agrada aos dois lados (principalmente da nossa representante afro que tem um
corpo espetacular).
Os
Nolan pra variar, acertam em cheio. A HBO agora tem dois problemas pra se
preocupar, por que o desfecho da primeira temporada, sugere que o melhor está
por vir.
Melhor sorte da próxima vez, cowboy
Para entender Marx e o Comunismo
Ok. Há muitos anos atrás tive a
honra de ler O Príncipe, de Maquiavel. Aquele livro foi um divisor de águas na
minha vida. Acho que todos deveriam ler O Príncipe (esse livro tem a base até
hoje de várias publicações, jogos de vídeo game e pc, e até mangás e animes,
como Gundam Wing, uma obra pesada e que merece ser posta para as novas
gerações, e vou fazer uma análise dele aqui). O Príncipe detalha sem bajulações
como deveria ser a conduta de um governante, mesmo falando em termos feudais.
Livro de cabeceira pra mim. Mas eu não falo o mesmo de Marx. E tá ai a polêmica
de hoje.
Marx
é o pensador do momento. Você vai ver seus “ensinamentos” por ai em todo o
lugar, virou modinha falar contra e a favor dele. E praticamente toda festa que
tiver umas gurias mais liberalzinhas vai ter uma defensora dele, pronta pra
atacar você ao estilo Inês Brasil, inclusive com um vocabulário próprio e
gírias também, que se tiverem em grupinho vão fazer você sentir que nasceu no
planeta errado ou que te transformaram num alien, e que vai aparecer o
Tsoukalos pra estudá-lo a qualquer momento.
Mas
vamos aos fatos. A teologia de Marx nasceu no berço da revolução industrial,
quando as empresas nasceram de fato e meio que transformaram nossos ancestrais
em máquinas, afinal foi o início das famosas linhas de montagem que até hoje
existem mas com a admissão das máquinas e equipamento e apoio especializado. Numa
sociedade como essa ou você apertava parafuso ou virava filósofo, foi o que
Marx fez. Seguindo a linha de muitos intelectuais como Poe, Mary Shelley, Bram
Stoker e muitos outros, encontrou na literatura a sua forma de expressão (não
eu nunca li O Capital, muito da minha interpretação aqui é livre), só que Marx
foi um (e apenas um) dos caras que se revoltaram contra a tal revolução
industrial (que mesmo com o fim da escravidão, no fim não passava de outra
forma para o mesmo) e resolveu criar uma teologia sobre o assunto (sim
comunismo é quase uma religião, tenta argumentar com quem é pra você ver) no
qual imaginou uma sociedade utópica onde o capital (money,grana, temers,
trocado) deveria ser substituído na estrutura da maioria das operações
econômicas. Que as relações de trabalho deveriam ser revistas, dando ao
trabalhador mais direitos (certo) e que a renda deveria ser dividida igualmente
entre todas as pessoas, inclusive o patrão, tornando como chefe apenas o
Estado.
Para Marx a propriedade era o problema. Mas será que isso funciona?
Bom
eu disse utópica certo? Ok, lá vamos nós. Vamos as falhas (são muitas, e se você
é defensor do comunismo, sinto muito). Numa sociedade como essa, não há maneira
do Estado não ter nas mãos, controle demais, a real é que para você aceitar que
com o resultado de seu trabalho você não tem o direito de ser melhor do que seu
amiguinho e ter mais sucesso que ele vale essa comparação aqui, além de engraçada,
fica tudo mais fácil de entender.
Imagine
um jogador de várzea chamado Zé, conhecido como o Mané, esse cara joga no time
do Ubirajara Futebol Clube (não tô a fim de pagar direitos pra família do
Bussunda) e nesse mundo utópico também exista o Real Madrid, só pra dar um
exemplo. Zé, o Mané é jogador da quarta divisão do País da Fantasia e mesmo
sendo um grandiosíssimo perna-de-pau, ganha o mesmo que o CR7, nesse mundo
maluco.
Você
entendeu bem. Cristiano Ronaldo, a fera, talvez o jogador de futebol mais
completo de todos os tempos (apesar de que o Messi também não fique atrás) e
dono de um salário que é digno de toda essa grandeza, nesse país maluco
governado pelo senhor Pen Pot Al qualquer coisa, ditador desde sempre já há uns
trinta anos (parece familiar?) teriam o mesmo salário na teoria. Daí vc pensa, de
que adianta eu estudar feito um condenado, me formar e procurar ser alguém em
minha profissão? Se sei que vou ganhar o mesmo no fim que um catador de latinha
(com todo respeito) ganha no fim do dia? É paradoxal. É assustador.
Mas
é isso que o socialismo de Marx (de marx, não o moderno) prega. Uma espécie de
meritocracia porém, sem nenhum prêmio. Não é de espantar que apesar de Cuba ter
uma das melhores redes de atendimento médico do mundo, é onde exista a maior
taxa de abandonos de cargo. Resumo da ópera, se o cara é bom, quando ele toma
conta disso, a tendência é que esse cara vai querer procurar por um horizonte
melhor para sua prática, onde ele seja melhor renumerado e valorizado. Ponto.
Como qualquer profissional, mesmo que seja fugindo de uma ilha num barco e
arriscando a morrer na travessia.
Como
eu disse como o País da Fantasia sustentou para as pessoas tal mundo utópico e
teórico? Na opressão. Lênin e Stalin não surgiram por acaso. Assim como Fidel e
Che também não (e nem o Che aguentou essa utopia), pra sustentar uma mentira,
precisa ter pessoas prontas a sustentar e divulgar essa porra aos quatro
ventos. Quem citou George Orwell acertou na mosca. Controle de massa feito via
comunicação de massa é a base de um sistema totalitarista, que é a base do
pensamento de Hitler e Marx. A Alemanha pagou caro por ter caído nessa
armadilha, que causou quase o genocídio de uma nação inteira, além de uma
guerra sem precedentes. O Capital pode parecer uma obra inofensiva, mas é o
retrato de um sistema que nunca deu (e nunca vai dar) certo. Por que é cheio de
falhas e se trata somente disso, uma utopia.
Viram o problema? De acordo com a teoria, vc não poderia ter um
Voltando
ao início e fechando o post, Maquiavel hoje é um exemplo para políticos,
líderes de todo o tipo, até técnicos de futebol, assim como a honorável
história e os preceitos por exemplo, do general Sun Tzu e Myamoto Musashi,
usados hoje como guias para executivos e empresários de sucesso. Marx é ainda
utilizado por alunos de faculdade, revoltosos com o sistema, e citado como
religião por velhos professores, que nunca conseguiram muito com o capitalismo
e que se dizem “defensores do povo oprimido”, só que hoje as empresas mudaram e
o ser humano hoje é bem mais valorizado, afinal existe uma gama de outros
cargos e as empresas perceberam que valorizar o trabalhador, dá resultado,
inclusive deixando de lado exigências de visual, ideológicas, etc. Em suma
enquanto Maquiavel e Tzu, são guias, me pergunto, qual a utilidade de Marx hoje
em uma sociedade de trabalho moderna? Deixo a resposta a vocês.
p.s.: É hora de deixar as velhas
teorias que não dão certo, onde elas pertencem, ao passado.
x1. Aplaudo a atitude do Trump.
50 mísseis pra mim, foi pouco.
x2. As tvs abertas estão cobertas
de razão. Se pagam pra gringas, por que não pras brazucas?
x3. Palmas pra Anatel que impediu
o absurdo de termos que pagar (por enquanto) por pacotes limitados de internet,
o bom senso foi ouvido e com isso podemos jogar, papear e desenvolver online em
paz.
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