Adotei o modo hipster de viver



Eu sempre fui a ovelha negra da família. E me orgulho disso.
                Fiz o que quis e o que deu na minha telha, subi em palcos, vociferei contra inimigos políticos, fui feliz (é o que dizem quando se tem um relacionamento), e sustentei até hoje aos trancos e barrancos (e bota barranco nisso) a barra que é ser pai de uma criança especial, para o bem e para o mal.
                Diante de uma situação de sofrimento, é lógico que você muda. E eu mudei. Me tornei mais frio, distante, e um tanto que descrente das pessoas.
                Como eu não tenho religião (apesar de ter ligação com o budismo e a filosofia asatru, não pertenço a nenhuma organização hoje), resolvi procurar um estilo de vida. E a filosofia que mais me agradou até agora é a hipster, os hippies nerds ou novos hippies.
                O movimento hipster começou há pouco tempo. Mais praticado por homens (há mulheres, mas realmente o movimento é masculino) retoma alguns dos ideais dos hippies dos anos 70, com a tecnologia dos dias de hoje. Combina várias formas de conhecimento (diversas religiões e crenças), com práticas como meditação, contracultura pop, ativismo contra a escravização das minorias, comunhão com a natureza, utilização de jogos eletrônicos como lazer e educação, incentivo a informática como ferramenta de desenvolvimento humano, nova identificação em relação ao mundo e a criação de uma nova sociedade, isso entre outras práticas.
                Daí você deve estar se perguntando, muito lindo mas e para você, o que aprendeu com tudo isso, com essa filosofia toda?
                Não. Eu não me tornei um santo. Mas não posso mentir, sou melhor hoje do que há anos atrás. Fiquei mais sincero, não guardo nada das pessoas, tomei a natureza como refúgio, principalmente para os meus problemas. Faço pedaladas noturnas as vezes. Não escuto mais os outros (sim isso é meio bárbaro, mas pra mim deu certo), adquiri uma consciência que me fez deixar o tratamento com remédios para a depressão, não desisti de lutar pelo que desejo mas faço isso com muito mais sabedoria. Descuidei da aparência, e passei a cultivar mais o lado interior, mesmo sobre todas as críticas, e não deixei meus prazeres como a cervejinha e vinho sempre que é possível.
                Não tenho uma vida ainda ideal, mas estou caminhando para isso e hoje me sinto mais próximo graças a essa filosofia. Funcionaria com você? Não sei. Não deixei de ser a ovelha negra da família. Nem deixei de ser implicante. Mas eu me sinto bem assim. Desejo a vocês que também encontrem uma filosofia que os preencha, eu me sinto satisfeito.

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